SEGUIDORES

quarta-feira, 3 de março de 2010

NO LIMITE DA LOUCURA!


“Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade”
POR: http://blig.ig.com.br/rogeriozanetti/2009/05/


Não sou psicólogo. Mesmo que as vezes acredite que seja. Devo ser loucura minha isso. Também não sou estudioso do tema. Apenas curioso. Mas, o fato é que a loucura, em todas as suas formas, espanta-me na mesma proporção que me encanta.
Pensei nisso dias atrás, após uma visita ao Hospital Nosso Lar. O Nosso lar é o “antigo” Sanatório Mato Grosso. Já ao lado do portão de entrada, uma senhora, sentada no chão, toda nua, deu-me uma espécie de boas vindas. No interior, um grito aqui, um cumprimento diferente ali mas, de resto, tudo “normal”, como numa qualquer instituição médica. Com alguns conversamos no pátio, contam histórias interessantes que chegamos a acreditar. Segundo os profissionais do local, alguns mais “louquinhos” ficam nos quartos, “fazendo coisas que até Deus duvida”.
Sei lá eu se Deus frequenta o Nosso Lar. Mas, o fato é que a loucura no cinema sempre funcionou bem. E como o cinema tem a incrível capacidade de, por exemplo, fazer que torçamos para que um determinado vilão mate uma porrada de gente, também nos pegamos torcendo para que algum maluco cometa um monte de atrocidades na fita. Quem aqui não se mexeu na cadeira e se deliciou com as insanidades do Coringa de Heath Ledger?
Na verdade, os heróis são, na maioria, muito chatos. Tão certinhos que chegama irritar-nos. E talvez o fato de sabermos que no final o fortão vai mesmo salvar a mocinha dos braços do psicopata nos acalente. Mas, claro, nem sempre é assim. Excetuando o primeiro Silêncio dos Inocentes, onde já começa preso, o doutor Hannibal sempre dá um jeito de escapar, e ainda jantar o vilão do filme, quase sempre, pasme, um policial a fim de por fim em suas doiduras. E nos deliciamos com ele.

O personagem Patrick Bateman tinha mesmo que enlouqucer, conforme aconteceu em O Psicopata Americano. Era um empresário dos anos 80, da tal geração yuppie, e adorava músicas do Phil Collins. Ai, até eu. Mas, não é dele que quero tratar. E nem de Leatherface, aquele idiota de O Massacre da Serra Elétrica.
Melhor falar de dois dos mais interessantes malucões que a sétima arte nos deu. O primeiro é Norman Bates, um personagem que só poderia ter saído de um filme de Alfred Hitcock. Norman foi, provavelmente, o grande psicopata do cinema, e até hoje inspira muitos outros (até o Beiçola, de A Grande Família tem muito dele, principalmente no ato de vestir-se com as roupas da falecida mãe e assumir a sua personalidade). E a história de Psicose é simples: uma mulher, depois de dar o golpe no chefe, foge com a mala de grana. Para fugir da polícia em seu encalço, pega uma antiga estrada – praticamente sem trânsito após a construção da nova rodovia, e escolhe para descansar justamente o Motel Bates, dando de cara com Norman. Hitcock, como sempre, sabe conduzir as nossas emoções, e a cena em que a moça é apunhalada no chuveiro é simplesmente genial, e uma das mais copiadas e admiradas de todos os tempos.

Outro adorável louco é Jack Torrance. Interpretado por Jack Nicholson, um mestre em interpretar desajustados, e dirigido por Stanley Kubrick (talvez o mais loucos dos cineastas), O Iuminado conta a história de um homem que vai enloquecendo aos poucos, se tornando perigoso, agressivo. Kubrick dirige seus filmes com mão de ferro, de forma absolutamente autoral (tanto que virou sinônimo: “este filme é bem Kubrick), e a atuação de Jack Nicholson é deslumbrante e assustadora.
Claro, as ciências que estudam esses fenômenos da mente talvez não concordem com a visão do cinema. Philippe Pinel (outro que virou sinônimo: “aquele cara é meio pinel) mudou o entendimento de loucura anexando à razão, separando o louco do criminoso. Ja Heggel talvez tenha inspirado Renato Russo, de quem roubei o título deste texto ao dizer que “a loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente”.
(Cique abaixo e ouça Shine On A Crazy Diamond, de Pink Floyd, composta em homenagem ao fundador da banda, Syd Barret, que havia enlouquecido.)

Nenhum comentário: